O NEGRO NA HISTORIOGRAFIA CARIRIENSE: ENFOQUES, ABORDAGENS E
PROBLEMÁTICAS (1950 -1970)
Antonia Santos da Silva; Ms. Maria Telvira da Conceição
1Estudante do Curso de
.História do Departamento de ciências humanas
do Centro de humanidades, bolsista pelo PIBIC-URCA; E-mail:
Antonia.santosdasilva@bol.com.br
2Professora do
Departamento de História do Centro de humanidades Líder (ou Participante) do
Grupo de Pesquisa em ensino de História, professora orientadora da pesquisa.
.E-mail: mtelvira@yahoo.com.br
Resumo
No início da década de 1950 se verifica no Cariri cearense uma atmosfera
de grande inquietação intelectual, conforme mostra o trabalho de Cortez (2000).
Essa inquietação está na base da criação do Instituto Cultural do Cariri/ICC em
1952, que assume para si a tarefa de escrever a história do Cariri. A partir,
portanto da oficialização desse instituto, sediado no Crato, se organiza também
um grupo de intelectuais memorialistas que passam a escrever a história do
Cariri.
Situa-se, portanto, na segunda metade do século XX uma produção local
sobre a história do Cariri escrita nos quadros do ICC. A investigação histórica
que se fez no referido instituto teve na
produção do Pe. Antônio Gomes, Irineu Pinheiro e José Alves de Figueiredo
Filho, seus maiores ícones e lança as bases de uma escrita da história do
Cariri produzida por historiadores locais.
Com afirma em 1971, José Newton Alves de Sousa.
Palavras - chave:
Cariri; escravidão; cultura;
Introdução
OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICO
Geral: Realizar um estudo documental de
caráter inicial sobre o negro na produção historiográfica caririense elaborada
nas décadas de 1950 -1970 e vinculada ao Instituto Cultural do Cariri.
Específicos:
1. Mapear a
produção historiográfica sobre o Cariri escrita pelos memorialistas José de
Figueiredo Filho, Irineu Pinheiro e Pe. Gomes e sua veiculação nas décadas de
1950 a 1970;
2.Identificar na
produção historiográfica do Cariri de José de Figueiredo Filho, Irineu Pinheiro
e Pe. Gomes, quais os enfoques e abordagens sobre o negro no Cariri;
3. Analisar qual
o papel da historiografia caririense nas décadas de 1950 a 1970 na produção de
um pensamento sobre o negro.
Material e Métodos
O
estudo ora proposto terá como metodologia de abordagem a pesquisa documental,
utilizando-se dos recursos e do tratamento metodológico desse tipo de pesquisa.
Nesse sentido desenvolveremos como procedimentos básicos: mapeamento dos
documentos; organização dos documentos, tipologia dos documentos,
caracterização do conteúdo, procedimentos da primeira fase do estudo. Já na
segunda parte da pesquisa corresponderá a análise documental sobre a documentação organizada na
primeira fase com a aplicação dos seguintes procedimentos: elaboração de um
quadro de autores destacando termos-chave, comentários e observações sobre
possíveis relações com as questões da pesquisa; contextualização e identificação das referências teóricas do pensamento dos
autores e na ultima parte, o tratamento dos dados para fins de sistematização
de uma síntese, a partir da análise empreendida.
O acervo documental para o estudo foi selecionado em função da relevância
informativa sobre a problemática da pesquisa, uma vez que se trata de
textos produzidos pelos historiadores no
período temporal recortada para o estudo, em sua maioria textos diretos, os
quais se constituem uma literatura de referencia para a escrita da história no
Cariri.
O acervo selecionado trata-se de fontes diretas que são as obras dos
autores e indiretos, publicados em livros e de textos em periódicos no caso da
pesquisa pretendida os seguintes periódicos: Revista Itaytera do Instituto
Cultural do Cariri, Revista A Província, Revista do Instituto Histórico do
Ceará.
Fontes: Escritas (Revista
Itaytera, Revista A Província, Revista do Instituto Histórico do Ceará, Revista
Hyhyté – Faculdade de Filosofia do Crato; Revista Veritas - Faculdade de
Filosofia do Crato e Anais da Faculdade de Filosofia do Crato
Manuscritas:
Manuscritos do Pe, Gomes. Correspondente a 23 tomos,
As etapas do estudo:
1ª Etapa
(2010.1.): Mapeamento da produção historiográfica d J. de Figueredo Filho,
Irineu Pinheiro e Pe. Gomes
2ª Etapa
(2010.2): Organização das fontes coletadas e tratamento dos dados
3ª Etapa
(2010.2) - Análise dos dados coletados e construção do relatório final, com os
resultados do estudo.
Local da pesquisa: A pesquisa será
realizada nos seguintes acervos: Instituto Cultural do Cariri/ICC, CENTRO DE
ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS D. QUINTINO RODRIGUES DE OLIVEIRA E SILVA –
CENTRO “PATIENTIA ET DOCTRINA; DEPARTAMENTO
HISTORICO DIOCESANO PE ANTONIO GOMES DE ARAUJO – DHDPG; BIBLIOTECA DA
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI localizados na cidade do Crato-Ce; e no
Instituto Histórico do Ceará (Fortaleza-Ce)
Resultados e Discussão
Embora de forma parcial, o
levantamento dos nossos dados coletados até o presente dá conta de um conjunto
de questões de suma importância para pensar a abordagem do negro na
historiografia caririense produzida na segunda metade do século XX. Com base na leitura das obras do historiador
Pe. Antônio Gomes e José de Figueiredo Filho podemos perceber as seguintes
problemáticas:
Na obra do historiador J. de Figueiredo
Filho a narrativa, nas poucas vezes que se remete a presença do negro no
Cariri, que a mesma é tomada como distinção social e traz nas referenciais
atribuídas ao negro uma relação de confronto e estranheza entre os caboclos,
como o elemento nativo da terra, e o negro quase como estrangeiro.
Outra questão que podemos
identificar na escrita de Figueiredo Filho é com relação a visão de
pertencimento em relação ao negro no Cariri. A narrativa desse historiador, nas
obras analisadas aponta para uma noção de pertencimento construída a partir das
relações materiais que aparecem na base dessa relação.
Outro aspecto que podemos
identificar nessa escrita é por assim dizer, as questões que perpassam as
relações cotidianas desse grupo social no Cariri. Principalmente no livro
FOLGUEDOS INFANTIS CARIRIENSES, publicado em 1966. Nos raros textos em que é
mencionado a presença do negro no Cariri, se verifica uma relação de
estranhamento com a presença de crianças negras nas narrativas de brincadeiras
e costumes da sociedade local.
Com relação a obra do
historiador Pe. Antônio Gomes, até aqui mapeada, percebe-se mais uma vez o
distintivo da cor para pensar presença do negro no Cariri. Contudo, o que
norteia a escrita desse historiador, são relatos que ele apresenta ao mencionar
outros historiadores que se reportaram à história do Cariri. Nesse caso, não
verifica, uma incorporação na escrita do Pe. Gomes, de questões ou de vivências
que dê conta de um tratamento direto na sua obra.
Ademais os aspectos mais enfocados sobre o negro na sua
obra, refere-se a condição do negro como escravo.
Conclusões
Com
base no que foi levando nessa primeira etapa do estudo, podemos inferir que a
produção historiográfica no Cariri na segunda metade do século XX, a partir da
escrita dos mais importantes historiadores que escreveram sobre o Cariri ao
tratar da presença do negro no Cariri a faz de forma fragmentada, onde os
fragmentos dessas narrativas podem ajudar compreender como a historiografia
pensou essa problemática e em que medida a escrita da história local, no caso
do Cariri, traz ou não um contributo importante para entender essa temática no
âmbito da escrita da história. Em que medida ela produz um entendimento
particular sobre esse grupo social ou apenas reproduz os parâmetros de
interpretação sobre o negro, que vergía no restante do país. A continuidade da
pesquisa nos ajudará sem dúvida alguma levantar mais dados para pensar essa
questão no âmbito do Cariri.
Agradecimentos
A Deus
pela oportunidade de estar aqui hoje; A professora Lindaura pelo estímulo;
Referências
Bibliográficas
Obras identificadas e
metodologicamente lidas:
1) FIGUEIREDO FILHO, J.- 1958 –
Engenhos de rapadura do Cariri, Rio de Janeiro: Serviço de informação agrícola,
74p.
2) FIGUEIREDO FILHO, J.(osé
Alves de).- 1962- O folclore no Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária,
1962. 112p.
3) FIGUEIREDO FILHO, (osé Alves
de). – 1964 – História do Cariri. Volume I. Crato: Tipografia A Ação, 1964.
96p.
4) FIGUEIREDO FILHO,J.(osé Alves
de). – 1964 – História do Cariri. Volume II. Crato: Empresa Gráfica Ltda, 1964.
111p.
5) FIGUEIREDO FILHO, J.(osé
Alves de) – 1966 – Folguedos infantis caririenses. Fortaleza: Imprensa
Universitária, 1966. 141p.
6) FIGUEIREDO FILHO, J.(osé
Alves de). – 1966 – História do Cariri. Volume III. Crato: Imprensa Gráfica
Ltda. 151p.
7) FIGUEIREDO FILHO, J. (osé Alves de ).
– 1968 – História do Cariri. Volume IV. Crato: Tipografia e papelaria do
Cariri, 96p.
8) FIGUEIREDO,Maria Alacoque
Bezerra (de Menezes). – 1977 – Agradecendo e exaltando. Juazeiro do Norte:
Edições ICVC, 8p.
9) Padre Antonio Gomes de
Araujo: A cidade de Frei Carlos
10) Padre Antonio Gomes de
Araujo: Povoamento do Cariri
11) Revista Itaytera, ano 1973,
nº 17; autor: J. de Figueiredo Filho.
12) Padre Antonio Gomes de
Araujo: Um civilizador do Cariri
13) Raimundo Girão: A abolição
no Ceará
14) Revista Itaytera nº 11
15) Revista Itaytera nº 12
16) Revista Itaytera nº 16
17) revista Itaytera nº 18
18) Revista Itaytera nº 28
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